A Diocese de Lamego
Documentalmente, sabe-se que o primeiro bispo Sardinário assistiu ao Concílio de Braga de 572, podendo pois concluir-se que a criação da diocese se formalizou cerca do ano 570, por influência de S. Martinho de Dume que a submeteu naturalmente à metrópole bracarense.
Temos contudo razões para admitir que, algum tempo antes de lhe ser consignado território próprio, Lamego já era sede episcopal sujeita a Mérida. Durante a ocupação muçulmana a sucessão prosseguiu, sem descontinuidade, na Galiza. A sede no entanto não foi restaurada logo após a reconquista, ficando unida à de Coimbra até cerca de 1143, quando D. Afonso Henriques a proveu de bispo residencial na pessoa de D. Mendo. Na remodelação de 1882, a diocese de Lamego foi uma das condenadas a desaparecer, mas a oposição unânime do clero, povo e município levou o Governo a desistir do seu propósito.
Desde a fundação, o bispado estendeu-se pela área que hoje ocupa, acrescentada dos concelhos de Arouca e Castelo de Paiva, desanexados mais tarde aquando da criação da diocese de Aveiro. Desde 4 de Julho de 1403 até 1770, ano da erecção da diocese de Pinhel, Lamego integrou também o vasto território de Riba-Côa, desde o rio Douro ao Sabugal, num total de 60 freguesias; desde 1882 até à criação do bispado de Vila Real, estendeu-se para além-Douro, pelos concelhos de Alijó, Régua, Santa Marta de Penaguião, Mesão Frio, Sabrosa e Murça. Para efeitos de visitação, a diocese foi dividida em 4 Distritos, no século XVI: Riba-Douro, Serra, Entre-Douro-e-Távora, Riba Côa. Na actualidade integram-na 14 arciprestados com 223 paróquias. Goza da característica, única em Portugal, de a cidade da sua sede não constituir capital de Distrito, facto que lhe confere maior importância relativa, na representação da urbe.
Em relação às províncias eclesiásticas, antes da formalização da diocese, Lamego esteve sujeita a Mérida, metrópole de toda a Lusitânia; cerca de 570 foi anexada a Braga; em 666 voltou para Mérida e em 1145 de novo para Braga; em 1257 passou para Compostela, por interesses políticos; cerca de 1403 o Papa mudou-a para Lisboa, e assim se manteve até 1891, ano em que voltou a depender da Arquidiocese Metropolita de Braga cujo Prelado tem como um dos seus títulos, o de Senhor de Braga e Primaz das Hespanhas.
LISTA DOS BISPOS DE LAMEGO:
2. Filipe (589)
3. Profuturo (633, 638)
4. Vitarico (646)
5. Filimiro (653)
6. Teodísculo, Teodisclo (666)
7. Gundulfo (681, 683)
8. Fiôncio (688, 693)
9. Branderico (881, 886)
10. Argimiro (893)
11. Ornato I (916, 920)
12. Pantaleão (922, 935)
13. Ornato II (944, 951, 955)
14. Jacobo, Tiago (969, 974, 981)
15. Pedro (I) (1071)
16. Mendo (1147-1173)
17. Godinho Afonso (1174-1189)
18. João (I) (1190-1196)
19. Pedro (II) Mendes (1196-1209)
20. Paio Furtado (1211-1246)
21. Martinho (1247-1248)
22. Egas Pais (1248-1257)
23. Pedro (III) Anes (1257-1270)
24. Domingos Pais (1271-1274), eleito
25. Gonçalo (1275-1282)
26. João (II) (1285-1296)
27. Vasco Martins de Alvelos (1297-1302), depois Bispo da Guarda
28. Afonso das Astúrias (1302-1307)
29. Diogo (1309-1310)
30. Rodrigo (I) de Oliveira (1312-1330)
31. Frei Salvado Martins (1331-1349)
32. Durando, Durão (1350-1362)
33. Lourenço (1363-1393)
34. Gonçalo (II) Gonçalves (1393-1419)
35. Álvaro de Abreu (1419-1421)
36. Garcia de Menezes (1421-1426)
37. Luís (I) do Amaral (1426-1431)
38. João (III) Vicente (1432-1446)
39. Gonçalo (III) Anes (1446-1448)
40. João (IV) da Costa (1448-?)
41. Gomes (I) de Abreu (?-1464)
42. Rodrigo (II) de Noronha (1464-1477)
43. Pedro (IV) Martins (1477-1479)
45. Fernando (I) Coutinho (1492-1502)
46. João (V) Camelo de Madureira (1502-1513) 47. Fernando (II) de Menezes Coutinho e Vasconcelos (1513-1540)
48. Agostinho (I) Ribeiro (1540-1549)
49. Manuel (I) de Noronha (1551-1564)
50. Manuel (II) de Menezes (1570-1575), depois Bispo de Coimbra-Conde de Arganil
51. Simão de Sá Pereira (1575-1579)
52. António (I) Teles de Menezes (1579-1598)
53. Martins Afonso de Melo (1599-1613)
54. Martim Afonso Mexia de Tovar (1615-1619)
55. João (VI) de Lencastre (1622-1626)
56. João (VII) Coutinho (1627-1635)
57. Miguel de Portugal (1636-1643); Foi Embaixador d’el-Rei em Roma
58. Luís (II) de Sousa (1670-1677)
59. Frei Luís (III) da Silva (1677-1685)
60. José (I) de Menezes (1685-1692)
61. António (II) de Vasconcelos e Sousa (1692-1705)
62. Tomás de Almeida (1706-1709), depois 1.º Patriarca de Lisboa
63. Nuno Álvares Pereira de Melo (1710-1733)
64. Frei Manuel (III) Coutinho (1741-1742)
65. Frei Feliciano de Nossa Senhora (1742-1771)
66. Nicolau Joaquim Torel da Cunha Manuel (1771-1772)
67. Manuel (IV) de Vasconcelos Pereira (1773-1786)
68. João (VIII) António Binet Píncio (1786-1821)
69. José (II) de Jesus Maria Pinto (1821-1826)
70. Frei José (III) da Assunção (1833-1841)
71. José (IV) de Moura Coutinho (1844-1861)
72. António (III) da Trindade de Vasconcelos Pereira de Melo (1862-1895)
73. António (IV) Tomás da Silva Leitão e Castro (1895-1901)
74. Francisco José Ribeiro de Vieira e Brito (1901-1922)
75. Agostinho (II) de Jesus e Sousa (1922-1942)
76. Ernesto Sena de Oliveira (1944-1948), depois Bispo de Coimbra (Conde de Arganil)
77. João (IX) da Silva Campos Neves (1948-1971)
78. António (V) de Castro Xavier Monteiro (1972-1995), foi Arcebispo de Mitilene, Auxiliar de Lisboa
79. Américo do Couto Oliveira (1995-1998)
80. Jacinto Tomás de Carvalho Botelho (2000-2012)
81. António José da Rocha Couto (2012-...)